Esse papo não é só sobre tartarugas
- Sarah Mota
- há 6 dias
- 2 min de leitura
A desconexão com o Oceano: o que o caso da mulher e a tartaruga revela sobre nós
Em outubro de 2025, uma mulher mobilizou a internet após ser multada em 10 mil por tocar em uma tartaruga marinha durante um mergulho. À primeira vista, parecia uma cena de encanto, o fascínio diante da vida marinha. Mas, olhando mais de perto, esse gesto revela muito sobre o modo atual de se relacionar com a natureza, com seres, da nossa e de outras espécies.

A ilusão do controle e da imagem
Vivemos em uma cultura que nos ensinou a intervir, moldar e dominar tudo o que existe ao nosso redor. Esse impulso, presente em nossas relações humanas, também se reflete na forma como nos conectamos com a natureza, o oceano e os animais marinhos.
O toque na tartaruga é uma fotografia íntima de uma sociedade profundamente controladora e antropocêntrica, voltada apenas para si. Nesse universo que construímos, o outro, especialmente quando é um animal de outra espécie, passa a ser tratado como um objeto. Um objeto que existe para cumprir uma única finalidade: satisfazer desejos pessoais. Não há limite, e muito menos a compreensão de que, ao lidar com outra vida, é preciso respeitá-la.
Muitos também se desconectam de tudo o que o oceano e os animais marinhos podem ensinar ao focar apenas em fotos. Por aqui, chamamos isso de "turismo de selfie", quando a imagem acaba vale mais do que a vivência experiência.
Descubra novas formas possíveis de se relacionar em: Uma nova visão de mundo: outra perspectiva sobre a relação humano-natureza
Um novo horizonte
A mudança começa por gestos simples: buscar a presença e valorizar a contemplação em vez do toque, criar memórias respeitosas, construir uma relação de coexistência com a vida oceânica, ao invés da exploração. O convite está feito: admire, observe, propague conhecimento e preserve.
Antes de ir, deixamos algumas orientações sobre a observação de tartarugas:
Observe sempre à distância segura, sem contato físico ou interrupção dos comportamentos naturais.
Evite o uso de flashes e ruídos intensos ao fazer registros, pois podem causar estresse aos animais.
Nunca ofereça alimentos
Respeite áreas de desova: não mexa em ninhos e siga orientações das placas de proteção.
Propague conhecimento sobre práticas responsáveis do oceano entre amigos e familiares
Apoie iniciativas que defendam, de verdade, o oceano e a diversidade marinha.
Fique por dentro da Nas Marés e conheça formas saudáveis e respeitosas de se conectar com o Oceano e com outras vidas.



